Os trabalhos de Arqueologia e Educação Patrimonial sempre nos oferecem a oportunidade de conhecer melhor as cidades do Brasil e conhecer de perto a relação da comunidade com o seu patrimônio cultural. Em Aquiraz, com as atividades de Educação Patrimonial, não foi diferente. As ações do Plano Integrado de Educação Patrimonial, que integra o Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico (PGPA) do projeto “Sol do Futuro”, nos contaram muito sobre a formação histórica do município. Seja pelo próprio nome de origem indígena, que significa “Água mais adiante”, pela herança que os jesuítas deixaram na região ou pelo fato de ter sido a primeira capital do estado, a cidade cearense tem um riquíssimo patrimônio cultural.
Durante vários dias, nossa equipe esteve em contato com a comunidade de Aquiraz, em rodas de conversa, atividades em escolas, reuniões com gestores públicos e colaboradores da obra da Central Fotovoltaica Sol do Futuro. Mas, sem dúvida, uma das características do município que mais nos chamou a atenção veio à tona nas atividades com crianças das escolas municipais: quando, num convite à reflexão sobre o patrimônio, elas foram incentivadas a expressar por meio de desenhos o lugar de Aquiraz que elas mais gostam, muitas foram as que desenharam o museu de arte sacra São José de Ribamar.
Perceber esta relação lúdica e afetiva das crianças com um espaço tão importante para a preservação da memória e do patrimônio cultural foi mais que surpreendente. Os desenhos nos trouxeram a certeza de que a primeira semente da valorização do patrimônio cultural já fora plantada nos jovens cidadãos de Aquiraz. Com eles, o que fizemos foi apenas reavivar uma memória afetiva que já existia, graças ao incentivo dos adultos que ofereceram às crianças a experiência de visitar o museu e conhecer melhor a história de seu lugar. Fica, então, aquela sensação de dever cumprido e de que o nosso patrimônio cultural continuará sendo preservado e amado pelas gerações futuras. Afinal, só se gosta daquilo que se conhece!