A Amazônia sob o olhar da Arqueologia

Conhecida por representar grande parte da biodiversidade do planeta Terra, para nós, da Arqueologia, a Amazônia também representa a diversidade. Mas, sob nosso olhar científico, se descortinam histórias de grupos diversos espalhados no tempo e no espaço. Foram grupos de pessoas que teceram a trama da cultura material ao longo de séculos, milênios.
É justamente por esta diversidade de histórias e culturas que a Amazônia encanta a todos nós, arqueólogos brasileiros. O trabalho de consultoria em licenciamento arqueológico nos permitiu aprofundar ainda mais neste universo, assessorando empreendimentos localizados na chamada Amazônia Legal.
Nosso contato mais recente com a Amazônia se dá hoje na divisa do Pará com o Maranhão, a serviço da Mineração Aurizona, seguimos nossa vivência com a cultura material da região, desvendando a história de povos que viveram por ali. Essas descobertas são fruto do monitoramento arqueológico que estamos realizando na ampliação da mineração Aurizona.
Porém, trabalhos realizados no estado do Amazonas nos permitiram também experimentar a atmosfera do “coração da floresta”. Em Maués, a terra do guaraná, tivemos a oportunidade de vivenciar a Amazônia em sua expressão mais exuberante, com paisagens, sons, aromas e sabores. Mas sem dúvida o que nos marcou nesta atuação foi a preciosa oportunidade de conviver com comunidades tradicionais. A nossa equipe desenvolveu trabalhos como prospecção arqueológica e educação patrimonial, abrangendo a sede do município e as comunidades de Canarana e Vera Cruz, em parceria com a Damata Ambiental. O empreendimento, o Programa de Saneamento Integral de Maués – ProsaiMaués, revitalizou as regiões das Lagoas Maresia e Prata.
Poderíamos citar aqui vários outros projetos que nos possibilitaram o contato com a riqueza arqueológica escondida sob as copadas majestosas da Amazônia brasileira. Mas, no momento em que se comemora o Dia da Amazônia, o que queremos mesmo é ressaltar a importância de sua preservação, uso sustentável e reconhecimento de sua importância também do ponto de vista arqueológico/cultural.
Com certeza, por mais trabalhos que tenham sido feitos na região, muito ainda há para ser descoberto e explorado quando o assunto é patrimônio arqueológico. Cabe a nós, cientistas, cidadãos, gestores públicos e empresários, a união de esforços para conciliar interesses comerciais, utilidade pública e preservação da cultura material amazônica. O desafio é gigante, não só pelos mais de 5 milhões de quilômetros quadrados de extensão da Amazônia Legal, mas pela infinidade de realidades diferentes que se acomodam e se entrelaçam dentro deste espaço. Mas com certeza vale e valerá a pena cada esforço no sentido desta preservação. Afinal, trata-se de um dos mais preciosos patrimônios brasileiros.

Compartilhe

Projeto de Avaliação do Potencial de Impacto ao Patrimônio Arqueológico (PAPIPA)

Diferentemente do PAIPA este trabalho é elaborado com o objetivo de avaliar o potencial de impacto de determinado empreendimento ou atividade sobre o patrimônio arqueológico em uma determinada área. Esse tipo de projeto é elaborado especialmente quando há indícios de que uma determinada região pode conter vestígios arqueológicos significativos e que possam ser afetados por empreendimentos futuros. Ou seja, é um trabalho que avalia a viabilidade de um empreendimento ocorrer em uma determinada área considerando o potencial arqueológico existente.

Para a realização deste trabalho inicialmente é realizado um Levantamento bibliográfico e documental extensivo verificando-se assim dados históricos, arqueológicos e cartográficos sobre a área de estudo, incluindo registros de sítios arqueológicos conhecidos, estudos anteriores e relatórios técnicos por exemplo. Na sequência é realizado levantamentos arqueológicos de campo para identificar vestígios e evidências de ocupação humana na área de estudo. Isso pode envolver caminhamentos, prospecções superficiais, uso de técnicas de sensoriamento remoto, entre outros métodos de pesquisa.

Em gabinete é realizada uma análise dos possíveis impactos do empreendimento sobre o patrimônio arqueológico que venha a existir na área de estudo. Isso pode incluir a previsão de danos, destruição, perturbação ou alteração dos sítios arqueológicos, bem como a proposição de medidas para minimizar ou mitigar esses impactos.

Por fim, o PAPIPA é um instrumento importante para subsidiar decisões sobre empreendimentos que possam afetar o patrimônio arqueológico, contribuindo para sua preservação e conservação.

Ficha de Caracterização da Atividade (FCA)

A ficha de caracterização de atividade é um documento utilizado pelo IPHAN  e tem como objetivo fornecer informações detalhadas sobre as atividades que serão desenvolvidas em determinada área.

Essa ficha é o primeiro item a ser produzido no contexto do licenciamento arqueológico e é parte importante do processo de licenciamento ambiental sendo utilizada para registrar dados específicos sobre as atividades planejadas, tais como a localização, o tipo de empreendimento, as técnicas de execução, o cronograma de obras, as áreas de intervenção, entre outras informações relevantes.

A ficha é bastante completa em relação aos dados do empreendimento sendo preenchido o Nome do empreendimento, responsável pelo projeto, a localização geográfica, o município, o estado, é realizado o detalhamento das atividades que serão realizadas no local, incluindo a finalidade do empreendimento, os métodos de execução as características físicas e topográficas da área de intervenção e em muitos casos é previsto um cronograma de obras.

Em resumo, a ficha de caracterização de atividade é um instrumento importante para registrar e documentar as informações relacionadas às atividades que serão desenvolvidas em determinada área, auxiliando no processo de avaliação e classificação quanto ao nível que o empreendimento possui, podendo variar de I, II, III e IV a depender da atividade e interpretação do IPHAN.